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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Braga: menina russa que vivia há 4 anos com casal de acolhimento foi entregue hoje à mãe biológica

Ambiente tenso esta manhã à porta da Segurança Social de Braga. Uma menina de seis anos, filha de uma emigrante russa que estava à guarda de uma família de acolhimento há 4 anos, foi entregue à mãe biológica, dando sequência a uma decisão judicial de 2008.

A criança chegou, logo ao início da manhã, pela porta da frente da Segurança Social, onde era aguardada por vários membros da família de acolhimento e muitos populares. A menina de origem russa, mas nascida em Braga, recusou-se a sair do carro e a ir ter com a mãe biológica.

Entre o choro da criança e os gritos da família e dos populares, foi necessária a intervenção de uma das técnicas da Segurança Social para tentar acalmar a menor. A criança acabou por entrar, cerca das 10h00, nas instalações daquele serviço público, acompanhada pela família de acolhimento.

As condições em que se deu a entrega da criança foram muito criticadas pelos advogados das duas partes. João Araújo, representante da família de acolhimento, lamenta que o processo não tenha sido mais salvaguardado, para proteger a criança, e adianta que chegou mesmo a pedir a presença da polícia, face ao clima de tensão.

A criança e a mãe biológica viajam hoje para Lisboa, na companhia de um representante do consulado russo. Na quarta-feira embarcam para o Rússia, onde vão viver com a avó da criança, numa localidade a 300 quilómetros de Moscovo.

A família de acolhimento exige que a embaixada portuguesa continue a acompanhar a criança, que apenas fala português. O consulado russo garantiu que o processo vai continuar a ser acompanhado pelos serviços sociais daquele país.

A criança tinha sido entregue a João Pinheiro e Florinda Vieira., uma casal de Barcelos pela mãe biológica, há quatro anos. Os problemas de alcoolismo e prostituição que afectavam a cidadã russa levaram-na a alegar incapacidade para criar a menina.

O desenlace de hoje põe fim a um longo processo judicial, que culminou com uma decisão do Tribunal da Relação de Guimarães que determinou que a criança devia ser entregue à mãe biológica.