LUA

domingo, 16 de agosto de 2009

Brasil Coaf detectou movimentações financeiras






SÃO PAULO - O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda que atua no combate à lavagem de dinheiro, encontrou movimentações financeiras "atípicas" envolvendo a Igreja Universal, segundo denúncia apresentada à Justiça pelo Ministério Público do estado de São Paulo.

Na segunda (10), a Justiça de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público contra o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, e outras nove pessoas por suposta formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A denúncia foi apresentada pelo MP em 5 de agosto.

Os promotores do caso indicaram "movimentações atípicas" entre março de 2001 e março de 2008, de acordo com relatório do Coaf mencionado pelos procuradores na denúncia.

"Ainda segundo o relatório, os débitos dessas movimentações se deram principalmente por pagamentos de despesas a empresas prestadoras de serviços controladas pelo quadrilha; dentre elas, as empresas Cremo Empreendimentos S/A e Unimetro Empreendimentos S/A, comandadas por Edir Macedo", diz o texto da denúncia.

A Cremo e a Unimetro são apontadas pelos promotores como empresas que recebiam o dinheiro desviado das doações dos fiéis e enviava para o exterior.

Entre as movimentações atípicas, a edição desta quarta (12) do jornal "O Estado de S.Paulo" aponta que foram identificadas transferências eletrônicas (TEDs) para oito empresas de comunicação, entre as quais a Rádio e Televisão Record, que aparecem entre as dez principais beneficiárias de transferências da Igreja Universal.

O jornal informou ainda que, entre 2002 e 2007, foram identificadas operações suspeitas em cinco dos 17 países onde a igreja tem atividades econômicas ou religiosas entre 2002 e 2007. O jornal cita que os países são México, Venezuela, Estados Unidos, África do Sul e Chile.

A estimativa é que cerca de R$ 300 milhões tenham sido movimentados no exterior, informou o "Estado", que teve acesso à íntegra do relatório. Ao G1, o Coaf afirmou que não poderia confirmar os dados publicados pelo jornal porque as informações do relatório são confidenciais.

Reportagem da "Folha de S.Paulo" desta quarta diz também que o MP deve pedir cooperação internacional para investigar a suposta lavagem de dinheiro. O pedido deve fazer parte de uma segunda fase das investigações.

Outro lado

O advogado Artur Lavigne, que defende o líder da Igreja Universal, Edir Macedo, e outros réus acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, afirmou em entrevista ao Jornal Nacional que há contradição na atuação do Coaf e da Receita Federal, que, segundo ele, não identificou irregularidades.

“Ocorre que, exatamente nessa época a que se refere o Coaf, a Receita Federal estava procedendo uma investigação dentro das empresas envolvidas nessa questão e conclui pela absoluta legalidade dos depósitos e da movimentação financeira. O que é estranho é que órgão do mesmo organograma do Ministério da Fazenda, ou seja Coaf e Receita, tenham conclusões absolutamente conflitantes”, afirmou o advogado.

Segundo ele, outros processos que questionavam a movimentação financeira da Universal acabaram arquivados. "E desde então essa movimentação financeira, que é um assunto recorrente porque são inúmeros os inquéritos no decorrer do tempo desse processo, sempre com a mesma origem, e que terminaram todos em arquivamento, como eu já disse. Então, dessa vez é da mesma forma”, afirmou. (AL)