
O BPN colocou 60 milhões de euros à disposição de um fundo de investimento do filho de Duarte Lima e de um sócio, ex-deputado do PSD. O fundo criado em 2007 comprou 35 terrenos, por cerca de 48 milhões de euros, junto ao então projecto do Instituto Português de Oncologia, que Isaltino Morais queria ver construído em Oeiras.
O Banco Português de Negócios (BPN), através do departamento de Private Banking – vocacionado para créditos especiais aos clientes mais ricos –, aprovou em 2007 uma operação de empréstimo cujo limite máximo chegava aos 60 milhões de euros. O crédito, depositado numa conta-corrente caucionada pelo BPN, visava um negócio específico: a compra de centenas de milhares de metros quadrados de terrenos no concelho de Oeiras, junto ao local onde poderiam ter ficado as novas instalações do Instituto Português de Oncologia (IPO).
Os documentos recolhidos pela SÁBADO revelam que a operação financeira do BPN foi realizada em “parceria” com o cliente Homeland, um fundo especial de investimento imobiliário fechado, anónimo, comum no sector financeiro português e aprovado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Nestes fundos, a identidade dos investidores nunca é revelada publicamente. Esta situação permitiu manter no anonimato um arriscado negócio imobiliário – que causou polémica interna no BPN – e, sobretudo, a identidade dos dois discretos investidores particulares: Pedro Miguel Lima, filho de Domingos Duarte Lima, o histórico social-democrata, e o ex-deputado do PSD, Vítor Igreja Raposo, amigo e actualmente sócio de Duarte Lima.
O fundo Homeland tem ainda a participação do Fundo de Pensões do BPN. Uma participação que a nova administração do BPN, liderada por Francisco Bandeira, considerou ser “ilegal”. No total, os três sócios realizaram negócios de, pelo menos, cerca de 48 milhões de euros adquirindo em Oeiras 35 terrenos junto à localização do então projecto, entretanto frustrado pelo Governo, do novo Instituto Português de Oncologia (IPO).