
Armando Vara terá tentado o exercício de influência sobre o ministro Mário Lino, por causa dos negócios de Godinho na Refer; terá solicitado e recebido dez mil euros para apresentar Godinho a Paiva Nunes, da EDP Imobiliária, e terá ainda recebido 25 mil euros por conseguir que Paiva Nunes “arranjasse trabalho” ao sucateiro de Ovar.
De acordo com o “Correio da Manhã”, estes são os três pilares da acusação do MP contra o ex-ministro do PS, no âmbito da investigação do ‘Face Oculta’, tendo o juiz entendido que era relativamente ao último pagamento que aprova era mais consistente.
O magistrado de Aveiro deu ainda como suficientemente indiciado, durante o primeiro interrogatório judicial, que Manuel Godinho tinha um telefone apenas para falar com Vara (que mais tarde passou a usar também para os contactos com Paiva Nunes), tendo também validado a tese de que o ex-ministro socialista sabia desde o final de Junho que estava a ser alvo de escutas telefónicas.

Os indícios mais fortes, para o juiz de instrução criminal, dizem, no entanto, respeito ao alegado pagamento de 25 mil euros. “Temos de concluir que aquele valor se destinava a compensar a intermediação entre Manuel Godinho e Paiva Nunes levada a cabo por Armando Vara”, assegura o juiz que fala mesmo em ausência de justificação razoável para as conversas.
O pagamento terá então ocorrido a 20 de Junho e diz ainda o juiz que é forçoso concluir que “o dinheiro terá tido como destinatários Armando Vara e Lopes Barreira [25 mil euros para cada] porque no dia em questão estas foram as únicas pessoas com quem Manuel Godinho se encontrou depois de sair das instalações da empresa”.