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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Colectivo de juízes aposta tudo na credibilidade das vítimas da Casa Pia

Os depoimentos de pelo menos nove jovens que frequentaram a Casa Pia merecem credibilidade total e os juízes não hesitam em dizê-lo. E em assumir serem suficientes para condenar Carlos Cruz e outros arguidos, a par das palavras de Silvino e outra prova indirecta. No acórdão ontem, segunda-feira, entregue aos arguidos, após dez dias de espera, o colectivo de juízes presidido por Ana Peres, faz, por exemplo, uma exaustiva descrição da presumível utilização de duas carrinhas de nove lugares da Casa Pia: uma Mercedes Vito e uma Renault Traffic.

Concluem que, ao contrário de outros funcionários, o motorista que ficou conhecido por "Bibi" utilizava aquelas viaturas a seu bel prazer, em especial aos sábados e domingos, transportando vários menores internados na instituição
Deste modo, era perfeitamente possível Silvino efectuar 400 quilómetros sem tal facto deixar rasto. E assim circular por cidades limítrofes a Lisboa ou, até, Elvas. São pormenores que, no entender dos juízes, dão consistência ao enredo de abusos sexuais e que ajudam a afastar a ideia, transmitida ao longo dos anos por arguidos e advogados, de que os ofendidos estariam mentir e que teria sido montada uma maquinação para incriminar aquelas figuras.

Foi neste contexto que ficou criada a convicção de veracidade dos depoimentos de nove testemunhas. Mas uma importantíssima peça do "puzzle" composto pelos magistrados foi a própria versão de Carlos Silvino, que confessou vários dos crimes, disse-se arrependido, pediu desculpa às vítimas e acusou os demais arguidos, incluindo Carlos Cruz.