LUA

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O escândalo lá fora

O tema é a abertura da secção Mundo da edição internacional do jornal britânico. "Culpados após um julgamento de seis anos, rede de pedofilia da alta sociedade portuguesa", é o título. O autor do artigo escreve que, para a rede pedófila de elite, os orfanatos geridos pelo Estado eram "supermercados cheios de crianças para abusar". No texto há ainda referência ao desaparecimento de Maddie: "As condenações, oito anos após o escândalo ter sido revelado, são uma grande vitória para a polícia portuguesa, sob fortes críticas em relação à forma como lidou com a investigação ao desaparecimento de Madeleine McCann." Numa caixa intitulada "o escândalo que foi mesmo até ao topo", destacam-se três condenados: o médico Ferreira Diniz, o ex-embaixador Jorge Ritto e o antigo apresentador Carlos Cruz.

O jornal britânico titula "Estrela de televisão portuguesa condenada com outros cinco por abusar de rapazes num orfanato gerido pelo Estado", colocando uma fotografia de Carlos Cruz. Tal como no The Independent há uma referência a Maddie, que inclui mesmo uma fotografia da menina desaparecida na Praia da Luz. No texto, recorda-se que o caso "já estava a ser julgado em 2007 na altura em que o desaparecimento da menina de três anos fez manchete em todo o mundo" e que só trouxe "ainda mais indignação em relação à lentidão do sistema legal português".

"Portugal: epílogo para o escândalo da Casa Pia", escreve o jornal francês. "Quase mil testemunhas e peritos ouvidos, inúmeros recursos e seis anos de audições... Foi o processo judicial mais longo da história de Portugal", lê-se no texto. O jornalista cita uma das vítimas, que há quatro anos foi viver para França, mas não quis deixar de estar presente na leitura da sentença: "Eles destruíram a minha vida. Era preciso que eu estivesse aqui hoje."

Na edição online em inglês da rádio e televisão alemã recorda-se que chegou ao fim um mediático caso de abusos sexuais que mudou a sociedade portuguesa. "O escândalo sexual é visto como tendo destruído o tabu da discussão aberta de abusos de crianças em Portugal, depois de o País ter ficado chocado ao ouvir as alegações de que membros da sua elite tinham abusado de crianças que viviam numa das mais velhas e respeitadas instituições públicas", lê-se no texto.