"Houve um total fracasso em termos de supervisão e
nas medidas [de coacção] aplicadas. O arguido continuou a contactar
menores e obtinha prazer em envolver-se em situações cada vez mais
arriscadas. Apenas tomou mais cuidados para não ser apanhado", diz o
perito do gabinete de psicologia da Escola da Polícia Judiciária.
De
facto, quando foi ouvido pelo juiz após ter violado a menina em Faro,
Miguel Forte, de 48 anos e que vivia em Benavente, ficou sujeito a
apresentações quinzenais na esquadra. Ficou também proibido de contactar
a vítima, mas o juiz não o impediu de usar a internet, meio pelo qual
conheceu e marcou o encontro com a menor. O uso constante das redes
sociais leva o relatório a inserir o predador – detido em Julho do ano
passado pela PJ – no campo dos ‘chatters’: predadores que já fizeram
vítimas no passado e que usam a internet para abusar de crianças.
No
documento anexo ao processo, o perito diz ainda que o abusador, acusado
de 249 crimes sexuais, é uma pessoa manipuladora, com ausência de
sentimentos de culpa e com traços de psicopata. No final do relatório é
ainda lançado um alerta: Miguel Forte tem um elevado risco de voltar a
reincidir e a privação da liberdade não será suficiente, uma vez que
necessita de tratamento psiquiátrico.