Carlos Mota é uma das testemunhas chave do processo Casa Pia, referenciado por dois antigos alunos e também por Carlos Silvino. A juíza do processo mandou a polícia localizá-lo, sem sucesso. Em Fevereiro de 2003, Carlos Mota desapareceu. Horas antes gravou uma entrevista com a SIC, que nunca foi emitida porque “o antigo assistente de Carlos Cruz não o autorizou”, revela a estação televisiva. Não quis falar sobre Carlos Cruz e a conversa acabou por centrar-se num outro processo, de que era protagonista - as acusações de atentado ao pudor e violação de duas crianças de 7 e 8 anos 30 anos antes, em 1974.
O antigo assistente de Carlos Cruz garante tudo terá partido “de um mal-entendido". "Nunca fui inquirido, nunca houve processo nenhum", assegura Carlos Mota recordando que "vivia numa pensão em Odemira" e que um dia o dono do estabelecimento, pai das duas crianças em causa, "disse que uma se tinha queixado que eu tinha ido passear com ela e que lhe teria mexido." Rejeitou a acusação na altura e manteve a versão 30 anos depois. O equívoco, nas palavras de Mota, tem a ver com a sua personalidade: “Eu caio um bocado nesse perigo (...) que eu sou muito expansivo, e em relação a crianças eu sou uma ternura do caraças com crianças”.
Carlos Mota ainda não foi localizado, testemunhas colocam-no a viver na Escócia, Bélgica e ultimamente no Brasil. A SIC revelou ontem à noite a entrevista, sete anos após o sucedido, e a três dias da leitura da sentença do caso Casa Pia.