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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sócrates, os camaradas e este paraíso à beira-mar plantado


Armando Vara, quando era secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna, recorreu ao director-geral do GEPI (Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do MAI) e a engenheiros que dele dependiam para projectar a moradia que construiu perto de Montemor-o--Novo.Para fazer as obras serviu-se de uma empresa e de um grupo ao qual o GEPI adjudicava muitos dos seus concursos públicos.Com 3500 contos (17.500 euros) o actual administrador da Caixa Geral de Depósitos e licenciado pela Universidade Independente tornou-se dono, em 1998, de 13.700 m2 situados junto a Fazendas de Cortiços, a três quilómetros de Montemor-o-Novo. Em Março de 1999 requereu à câmara o licenciamento da ampliação e alteração da velha casa ali existente. Onde a história perde a banalidade é quando se vê quem projectou e construiu a moradia. O projecto de arquitectura tem o nome de Ana Morais. O alvará da empresa que fez a casa diz que a mesma dá pelo nome de Constrope.A arquitecta Ana Morais era à época casada com António José Morais, o então director do GEPI, que fora assessor de Armando Vara entre Novembro de 1995 e Março de 1996. Nessa altura, recorde-se, foi nomeado director do GEPI por Armando Vara - cargo em que se manteve até Junho de 2002 - e era professor de quatro das cinco disciplinas que deram a José Sócrates o título de licenciado em Engenharia pela UnI. A Constrope era uma firma de construção civil sediada em Belmonte, que também trabalhava para o GEPI e tinha entre os seus responsáveis um empresário da Covilhã, Carlos Manuel Santos Silva, então administrador da Conegil - uma empresa do grupo HLC que veio a falir e à qual o GEPI adjudicou dezenas de obras no tempo de Morais. (Publico 20.04.07)


José Sócrates, foi sócio fundador da empresa Sovenco, Sociedade de Venda de Combustíveis Lda., com sede na Reboleira, Amadora, em que está registado na matrícula da sociedade em 1990. A aventura empresarial de Sócrates foi curta (menos de um ano) e literalmente para esquecer. Mais tarde, quando a revista Focus desenterrou esse episódio, jurou que estava a ouvir falar dessa empresa «pela primeira vez». Só após algum esforço de memória se lembrou que tinha sido sócio.
A Sovenco, criada em 1990, era uma Sociedade de Venda de Combustíveis. A sua constituição: Armando Vara, Fátima Felgueiras, José Sócrates, Virgílio de Sousa.
Armando Vara - condenado a 4 anos de prisão (pena suspensa) Fátima Felgueiras – condenada a 3 anos e três meses de prisão (pena suspensa) Virgílio de Sousa - condenado a prisão por um processo de corrupção no Centro de Exames de Condução de Tábua Ontem, à saída do Tribunal de Fafe, que condenou Fátima Felgueiras por um crime de difamação sobre o ex-vereador, Horácio Costa disse aos jornalistas que percebia os recados de Fátima Felgueiras a José Sócrates. "Quando José Sócrates foi secretário de Estado do Ambiente, Fátima Felgueiras era presidente da câmara e terão ocorrido coisas com aterros sanitários que ela sabe e poderá fazer uso." Horácio Costa diz ainda que as cartas ("em devido tempo" enviadas a José Sócrates e Jorge Coelho constam dos autos do processo que aguarda a marcação da data para o início do julgamento. Mas, do que se recorda, "aqueles a quem foram endereçadas nem sequer as enviaram à Procuradoria-Geral da República". Por isso, sustenta, que há uma "omissão de acção". Na sessão foi também abordada a acusação sobre a elaboração de contratos entre a Câmara de Felgueiras e a empresa Resin, Resíduos Sólidos, SA, de Matosinhos, tendo a autarca negado ter "pedido, e muito menos recebido, qualquer quantia da Resin, a quem a autarquia e a Associação de Municípios do Vale do Sousa adjudicaram a construção de um aterro sanitário. Horácio Costa, que em tomadas de posição anteriores disse ter comunicado à direcção nacional do PS, incluindo a José Sócrates, o que se passava em Felgueiras, manifestou, ainda, estranheza pelo facto de no julgamento nada se perguntar sobre o Partido Socialista, "a não ser falar-se no então secretário de Estado do Ambiente, hoje primeiro- ministro", para justificar os contratos com a Resin. (Lusa 27.02.07)

Outro dos temas quentes foi o contrato entre a Câmara e a Resin – empresa de tratamento de resíduos domiciliários e industriais. Fátima diz que o contrato com a Resin teve o apoio de José Sócrates, à altura secretário de Estado do Ambiente. 08 de Abril de 2008 - O ex-dirigente nacional do PS Armando Vara diz no Tribunal que não está arrependido de ter apoiado, em 2001, a recandidatura de Fátima Felgueiras à presidência da Câmara. O cumprimento de José Sócrates a Fátima Felgueiras foi o ponto mais alto da cerimónia de inauguração dos três lanços de auto-estrada, em Cabeceiras de Basto. Publicamente este foi o primeiro encontro após a fuga para o Brasil, e a expulsão do PS da militante Fátima Felgueiras. Pouco se falou de estradas. O assunto foi o aperto de mão, seguido de dois beijos.
Maria Adelaide de Carvalho Monteiro, a mãe do primeiro-ministro José Sócrates, comprou o apartamento na Rua Braamcamp, em Lisboa, a uma sociedade off-shore com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, apurou o Correio da Manhã. Em Novembro de 1998, nove meses depois de José Sócrates se ter mudado para o terceiro andar do prédio Heron Castilho, a mãe do primeiro-ministro adquiria o quarto piso, letra E, com um valor tributável de 44 923 000 escudos – cerca de 224 mil euros –, sem recurso a qualquer empréstimo bancário e auferindo um rendimento anual declarado nas Finanças que foi inferior a 250 euros (50 contos).
CM 31.01.09)


O lugar da Quinta das Areias, a cerca de dois quilómetros da lixeira do Souto Alto, foi o local escolhido pela Associação de Municípios da Cova da Beira para receber a central de compostagem daquele sistema de recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos. Esta solução, apresentada ontem na Covilhã, põe fim ao impasse criado pela Câmara daquela cidade que recentemente recusou licenciar a obra da central para a Quinta dos Alvercões, a primeira escolha da associação intermunicipal situada junto ao rio Zêzere, baseando-se num estudo técnico, encomendado pela autarquia covilhanense, onde eram destacadas as «potencialidades poluidoras» daquela infraestrutura. Pressionada pelo tempo - e sobretudo pelas recomendações governamentais deixadas por Ricardo Magalhães, secretário de Estado dos Recursos Naturais, Elisa Ferreira, Ministra do Ambiente; e José Sócrates, Ministro-Adjunto do Primeiro Ministro, aquando das suas recentes incursões pela Cova da Beira -, a associação intermunicipal, que engloba os concelhos da Covilhã, Fundão, Belmonte, Penamacor, Sabugal e Manteigas, foi colocada entre a espada e a parede: ficaria sem um investimento de cerca de 2,7 milhões de contos se não apresentasse uma proposta alternativa até ao dia 1 de Setembro. É que os governantes não se cansaram de chamar a atenção para a «oportunidade única» proporcionada pela construção da central de compostagem, uma das cinco que irão existir no país. A intervenção, mais paternalista, de Sócrates não deixava dúvidas quanto à importância da decisão: «A região que tenha juízo», sentenciou, ao lembrar que o dinheiro «custou muito a arranjar». o aterro sanitário e a estação de compostagem contam com um investimento de 2,7 milhões de contos, a financiar no âmbito do Plano Operacional do Ambiente e dos orçamentos municipais.
No momento em que o primeiro-ministro António Guterres entrou, na sexta feira, 6 de Julho, na sala de controlo da Central de Compostagem da Associação de Municípios da Cova da Beira (AMCB) e premiu o botão de arranque das máquinas, a região entrou numa nova era em termos ambientais. António Guterres, acompanhado pelo ministro do Ambiente, José Sócrates, inaugurou uma estrutura que promete não só acabar definitivamente com as lixeiras, como também aproveitar a matéria orgânica dos resíduos, eliminar irrecuperáveis em aterro sanitário próprio e encaminhar materiais para a reciclagem. Construída na Quinta das Areias, concelho do Fundão, por um consórcio liderado pelo grupo HLC, a Central demorou mais de dois anos a erguer e representa, só por si, um investimento de três milhões e meio de contos (apoiado pelo FEDER, no âmbito do II Quadro Comunitário de Apoio). O cabeça-de-lista do PSD por Castelo Branco, Morais Sarmento, responsabilizou ontem o líder do PS, José Sócrates, por deficiências de funcionamento da Central de Compostagem de Lixo da Cova da Beira. Numa conferência de imprensa naquela central, Sarmento referiu que, desde 2003, já foram investidos cerca de cinco milhões de euros em melhorias, entre as quais a construção de uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR). Segundo Morais Sarmento, "com a pressa por causa das autárquicas, em 2001", o então ministro do Ambiente inaugurou a central "sem uma ETAR, o que provocou infiltrações de águas lixiviadas que contaminaram solos agrícolas e lençóis freáticos". "Esta contaminação de águas é a imagem das suas escolhas", acrescentou. Sarmento destacou que o investimento total já realizado na Central de Compostagem de Lixo da Cova da Beira ascende a 30 milhões de euros, o que considerou "a todos os títulos escandaloso". (DN 27.01.05)


António Morais, ex-professor de José Sócrates na Universidade Independente, pronunciado pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais no processo de adjudicação da central de compostagem da Cova da Beira, apresentou ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa um pedido de recusa e suspeição de João Levy, um dos três peritos nomeados pelo Ministério Público para analisar as propostas a concurso, apurou o CM. Em Maio, António Morais foi pronunciado pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais. A alegada influência de José Sócrates, à época secretário de Estado, na adjudicação foi arquivada. O caso remonta a 1997, quando a Associação de Municípios da Cova da Beira adjudicou a construção e a exploração de um aterro sanitário à HLC/Conegil, empresas detidas por Horácio Luís Carvalho e, numa segunda fase, contratou a firma de António Morais e da mulher, a ASM. Segundo o tribunal, os relatórios produzidos pela empresa de Morais motivaram a adjudicação indevida, quando a Soares da Costa apresentava melhor proposta. Morais terá recebido 58 mil euros para uma conta nas ilhas Guernesey.
(CM 29.06.08)


Entre 1996 e 2001, enquanto António José Morais, foi director do Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do Ministério da Administração Interna, nomeado pelo então secretário de Estado da Administração Interna Armando Vara, foram adjudicadas por concurso, à Conegil, dezenas de obras, cujos valores de execução ultrapassaram os 58 milhões de euros. Segundo o jornal “Público”, quando em 2000 deixou de concorrer às obras do GEPI, por se encontrar à beira da falência, a Conegil recebeu 20 por cento daquelas adjudicações. Entre 2000 e 2001, sempre com António José Morais no GEPI, a Conegil deixou de aparecer nos concursos e segundo a empresa ficou a dever ao MAI 1,6 milhões de euros e, com a sua falência em 2003, deixou um rasto de 20 milhões de euros de dívidas a terceiros. O Ministério Público constituiu cinco arguidos; três foram acusados, num inquérito à construção da Central de Compostagem de lixo da Quinta das Areias e respectivo aterro sanitário por favorecimento ao consórcio HLC. Três dos arguidos foram acusados dos crimes de corrupção activa e branqueamento de capitais, nomeadamente António José Morais, antigo professor de José Sócrates na Universidade Independente e que desempenhou cargos de nomeação política durante a governação socialista; a sua ex-mulher Ana Simões e Horácio Luís de Carvalho, empresário da Covilhã, que era dono da firma HLC e hoje reside em Londres. Os outros dois arguidos, Silvino Alves, antigo aluno de António José Morais, e Jorge Pombo, ex-presidente da Câmara da Covilhã, viram os processos arquivados. António José Morais esteve ligado à construção do aterro sanitário, em 1996, através do gabinete de engenharia liderado pela mulher, estrutura que preparou o projecto, o programa do concurso, o caderno de encargos e avaliação técnica das propostas. Em 1999, após uma denúncia anónima, a Polícia Judiciária começou a investigar o caso por alegado favorecimento do consórcio vencedor, liderado pela HLC e com a participação da Conegil, entre outras empresas. À data dos factos, José Sócrates era secretário de Estado do Ambiente, mas não foi ouvido no inquérito. De acordo com a investigação da Polícia Judiciária citada pelo jornal Publico, o favor à HLC e Conegil foi depositado numa conta que Morais e a mulher tinham na ilha de Guernesey (ilha no Canal da Mancha sob dependência britânica).

E outra coisa mais: começam a suceder-se demasiados casos no passado de José Sócrates que lhe começam a pesar politicamente. De cor, recordo-me do processo de licenciatura, das ligações também perigosas à construção da estação de compostagem da Cova de Beira, dos seus antigos projectos de arquitectura na zona da Covilhã e agora este caso do Freeport. Não me recordo de um primeiro-ministro com uma casa que parece ter tanta telha de vidro.