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terça-feira, 2 de junho de 2009

Desapareceram quadros do BPN





A actual administração do Banco Português de Negócios (BPN), liderada por Francisco Bandeira, realizou um levantamento das obras de arte registadas pelo banco e descobriu que faltavam diversos quadros num valor global de 2,5 milhões de euros. Segundo apurou o CM, entre essas obras encontram-se quatro quadros de Vieira da Silva cuja localização é uma incógnita, suspeitando-se que estejam na posse de ex-responsáveis do banco.

Fazem parte do 'Património artístico do BPN' dezenas de quadros (Mirós, Picasso, Vieira da Silva, entre outros), que se encontram espalhados pelas diversas instalações do BPN. Na sede do banco, no andar da administração, há um Vieira da Silva de 1968.

Ontem, durante a apresentação das contas, a administração de Francisco Bandeira anunciou que o banco tem um 'buraco' financeiro de 1,6 mil milhões de euros e registou um resultado financeiro negativo, em 2008, de 575,2 milhões.

Segundo a administração do BPN, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) já injectou no banco mais de 2,5 mil milhões de euros para ajudar à liquidez da instituição. Outra das revelações feitas ontem foi o aumento de custos com pessoal (132, 3 milhões de euros), um aumento de 29% que se deve a prémios, salários e regularização de vínculos laborais com responsáveis de administrações anteriores. Entre eles encontra-se o montante de dez milhões de euros que foi pago a Miguel Cadilhe que, apesar de ter contrato com a Sociedade Lusa de Negócios, acabou por ser assumido pelo BPN.

INSULAR OBRIGOU A REFORÇAR AS PROVISÕES

O BPN foi obrigado a consolidar nas contas o valor dos créditos concedidos através do Banco Insular, o que causou um reajustamento nas contas de 2006 e 2007 e um aumento das provisões.

Em 2006 o Insular tinha crédito concedido no valor de 783,9 milhões de euros, um valor que desceu para 619,5 milhões em 2007. Para compensar estes valores, a actual administração fez provisões no valor global de 915,9 milhões de euros. Norberto Rosa, vice-presidente do banco, avançou mesmo que 'o valor das imparidades associadas [ao Insular] é muito elevado', mas sublinhou que a liquidação do banco pelas autoridades de Cabo Verde pôs fim ao problema.

'BdP DECIDIU NACIONALIZAR SEM ESTUDO'

O CDS-PP revelou ontem a carta do Banco de Portugal (BdP), assinada por Vítor Constâncio, que sugere ao Governo a opção de nacionalizar o BPN, dias antes do anúncio oficial. O supervisor recusou enviar o documento à comissão de inquérito, alegando sigilo bancário.

'O BdP optou pela nacionalização, num parágrafo de uma carta, sem um único parecer, um único estudo, uma única avaliação', disse ao CM o deputado Nuno Melo, sublinhando que 'o Estado decidiu com igual ligeireza, o que causou a triplicação dos custos para o contribuinte'. 'O que este documento evidencia é que mais uma vez houve uma falha gravíssima de supervisão.'