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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Doentes que ficaram cegos após tratamento no Hospital de Santa Maria continuam sem recuperar a visãoDoentes

A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) e a Inspecção-Geral das Actividades de Saúde (IGAS) suspeitam de crime no caso dos doentes do Hospital de Santa Maria que cegaram após a injecção de um produto nos olhos. Fonte do Infarmed garante ao CM que as investigações "concluíram que havia matéria da competência do Ministério Público".

Esta semana, recorde-se, foi instaurado um processo-crime pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, liderado pela procuradora-geral adjunta Maria José Morgado. Inspecção da Saúde e Autoridade do Medicamento já enviaram a informação de que dispõem sobre o incidente para o DIAP.

"Atento ao teor das notícias publicadas relativamente às ocorrências no Hospital de Santa Maria e podendo estar em causa crimes de erro em intervenções e tratamentos médicos e/ou crimes de corrupção de substâncias médicas e porque tais crimes, a existirem, têm natureza pública", a direcção do Departamento de Investigação e Acção Penal determinou a instauração de um processo--crime. O processo está agora a cargo da 6ª secção do DIAP de Lisboa e tem a colaboração da equipa de homicídios da Polícia Judiciária.

A suspeita de crime ganha mais força, após o responsável pelo Serviço de Oftalmologia, Manuel Monteiro Grillo, ter garantido que as análises ao produto retirado dos olhos dos doentes não revelaram o Avastin.

O Hospital de Santa Maria veio desmentir posteriormente as declarações do clínico, não avançando com mais esclarecimentos sobre o inquérito interno em curso.

INJECÇÕES FORAM RETOMADAS EM SANTA MARIA

As injecções oculares foram ontem retomadas no Hospital de Santa Maria, após a sua suspensão devido aos seis casos de cegueira.

Maria das Dores Rodrigues Monteiro e Maria Antónia Martins foram duas das doentes que ontem voltaram ao bloco operatório. Maria das Dores levou uma injecção no olho direito, o que ainda não recuperou a visão, e está optimista. "Hoje já tomei banho, já me voltei sozinha. Vejo as coisas mais nitidamente", disse.

Já Maria Antónia Martins continua cega. Segundo o seu marido, António José Martins, "está tudo na mesma. Não teve melhoras. Está desmoralizada. A pressão é muito forte".

PORMENORES

INTERVENÇÃO DIA 17

Os seis doentes foram submetidos à intervenção aos olhos no dia 17 de Julho. No dia seguinte foram às Urgências do Hospital de Santa Maria, Lisboa, com queixas de dor e falta de visão. As suspeitas recaem sobre o produto injectado nos olhos.

CINCO DIABÉTICOS

Cinco dos seis doentes são diabéticos e sofrem de retinopatia diabética. A doente que não sofre de diabetes é a que revela melhor recuperação visual.