Tal como no caso anterior, os novos actos secretos, decisões tomadas pela alta cúpula do Senado mas nunca divulgadas oficialmente, criaram cargos, aumentaram salários e verbas de representação ou autorizaram o uso do dinheiro público para despesas alheias à actuação parlamentar. Nenhum desses actos secretos agora descobertos por jornalistas foi, curiosamente, identificado pela Comissão de Inquérito nomeada há dois meses pelo ex-chefe de Estado brasileiro José Sarney precisamente para os descobrir.
O primeiro-secretário da direcção do Senado, Heráclito Fortes, considerou esses novos documentos agora trazidos a público como "actos criminosos" e decretou a instauração de um inquérito para apurar quem os permitiu e quem deles beneficiou. Mas esta nova investigação pode ter um final semelhante ao decretado por Sarney, que considerou culpados das ilegalidades apenas dois funcionários superiores do Senado, que foram afastados, ilibando de qualquer culpa os senadores, incluindo o seu chefe, um dos mais beneficiados.
ACORDO PODE LIVRAR TODAS DAS ACUSAÇÕES
Um acordo feito debaixo dos panos entre os partidos do governo e da oposição pode livrar de punição todos os senadores acusados de ilegalidades, nomeadamente o presidente do Senado, José Sarney, acusado de inúmeras irregularidades, e o principal líder da oposição, Artur Virgílio, acusado de uso indevido de uma verba parlamentar.
O acordo é desmentido por ambas as partes, mas a verdade é que o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque, mandou arquivar as acusações contra Sarney e também contra Virgílio.
APONTAMENTOS
SARNEY SOMA E SEGUE
José Sarney, que, pressionado pela imprensa, tinha decretado a nulidade dos 663 actos ilegais descobertos há dois meses, nos últimos dias discretamente reeditou e validou quase 200.
PT NÃO DECIDE
O PT, de Lula da Silva, continua dividido em relação às denúncias contra Sarney. Esta semana adiou três vezes a reunião em que seria decidido se apoia Sarney ou se força uma investigação contra ele.