Dos termos das minutas do negócio PT/TVI ao afastamento de Moniz e Moura Guedes, as respostas dadas aos deputados da comissão de inquérito ficam postas em causa. E as do primeiro-ministro também
Novos elementos das escutas telefónicas do processo Face Oculta a que o SOL teve acesso demonstram que Armando Vara mentiu em várias respostas que deu à comissão parlamentar de inquérito ao negócio PT/TVI. Além disso, põem em causa as respostas do primeiro-ministro.
Ao contrário do que afirmou aos deputados, Armando Vara foi sendo informado dos contactos entre a PT e os espanhóis da Prisa (proprietária da estação), soube antecipadamente e discutiu as deslocações de Rui Pedro Soares (administrador executivo da operadora) a Madrid e conhecia o conteúdo das minutas do negócio.
O então vice-presidente do BCP chegou a dar orientações sobre quando é que José Eduardo Moniz e a mulher (respectivamente, director e pivô da estação) tinham de sair, e numa conversa com um dos seus interlocutores comenta-se que José Sócrates foi avisado «antes de fecharem o negócio».
Nos diálogos interceptados ao telefone de Vara – cujos resumos estão na posse da comissão de inquérito, mas que esta decidiu não usar (ver texto na página 6) – a entrada da PT na TVI surge com os contornos de uma operação de natureza política, destinada a afastar Moniz e Moura Guedes (tidos como incómodos para o Executivo) e rodeada de diversos cuidados conspirativos, para ocultar ao conhecimento público a ligação entre uma coisa e outra.