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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dez carros de luxo apreendidos a líderes de empresas falidas que sacaram milhões ao BPN

A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, divulgou, hoje, quinta-feira, fotos tiradas a alguns dos objectos de luxo (entre eles dez carros de gama alta) apreendidos a indivíduos ligados a empresas, falidas, que terão lesado o BPN em cerca de 100 milhões de euros em empréstimos fraudulentos obtidos em 2007.


Três dos indivíduos (Carlos Marques, empresário e dois advogados, Diamantino Morais e Teresa Cantanhede), detidos na operação da PJ, estão a ser interrogados no Tribunal Central de Instrução Criminal. Foram ainda constituídos arguidos seis indivíduos.

Respondem pelos crimes de burla qualificada, fraude fiscal qualificada, falsificação de documentos, abuso de confiança, branqueamento e corrupção.

Na investigação, que envolveu 160 elementos da PJ, magistrados do Ministério Público e Judiciais, foram apreendidas dez viaturas de gama alta (Mercedes, Porsche, Ferrari, Lamborghini, Aston Martin e McLaren Mercedes), de elevadíssimo valor comercial (vários milhões de euros), uma embarcação de recreio, no valor de 1,7 milhões de euros.

A operação da PJ decorreu nos últimos dois dias e envolveu 55 buscas (domiciliárias e não domiciliárias) a escritórios de advogados, notários, uma Câmara Municipal, contabilistas, empresas de avaliação imobiliária (Futurbelas e Imonamur com sede em Penafiel) e a Beyond Home, instituições de crédito e sociedades financeiras.

Além das viaturas e da embarcação de recreio, a PJ apreendeu documentação (inclusive a relativa a sociedades offshore), computadores, carimbos e selos brancos, que considera ter "enorme relevância probatória", cinco armas de fogo e mais de cem mil euros em numerário.

Segundo a PJ, "ao dinheiro proveniente dos financiamentos foi dado destino diferente do inicialmente proposto (subjacente à concessão e aprovação de crédito) e os projectos em que assentam as avaliações nunca foram concretizados."

A Judiciária acrescenta, ainda, que "encontra-se fortemente indiciado que os suspeitos utilizaram sucessivos financiamentos bancários, (em valor superior a cem milhões de euros), com recurso a sociedades por si representadas e/ou controladas, sustentados em garantias falsas ou imóveis sobreavaliados, conluiados com empresas de avaliação imobiliária e altos quadros de instituições bancárias, colocando-se, seguidamente, em situação de incumprimento, deixando executar as garantias de valor inferior ao montante financiado."

"Das práticas ilícitas em investigação faz parte a manipulação da contabilidade das empresas, dando-lhes uma aparente seriedade e ocultando os verdadeiros fluxos financeiros, encaminhados a final para contas tituladas por sociedades offshore, para aquisição de outros imóveis (com os quais obtiveram novos financiamentos, numa lógica de "roullement" de créditos) ou para aquisição de bens de luxo (embarcações de recreio e automóveis topo de gama)", acrescenta a PJ, em comunicado.