Pelo
menos até ao ano de 2010, o padre Fernando Guerra, condenado no ano
passado a três anos de pena suspensa por posse de armas proibidas,
movimentou nas suas contas bancárias mais de cinco milhões de euros. A
Polícia Judiciária de Vila Real não encontrou explicação para a fortuna
do padre, de 77 anos, e abriu um inquérito por suspeitas de
branqueamento de capitais.
Fernando Guerra, que
actualmente é pároco em Montalegre, já foi ouvido no inquérito que
deverá ser enviado em breve para o Tribunal de Chaves.
A
investigação da PJ permitiu concluir, para já, que o padre Fernando
Guerra possuía várias contas bancárias e que as comissões fabriqueiras
das paróquias serviam para esconder o rasto dos milhões. Exemplo disso é
uma conta do Finibanco: no início do Julho de 2005, o sacerdote tinha
um saldo nulo, dois anos depois, em Julho de 2007, tinha três mil euros.
Durante esse período de tempo, nessa mesma conta, circularam mais de
três milhões, que foram transferidos após Fernando Guerra ter vencido os
depósitos a prazo e as aplicações que tinha noutro banco.
Na
conta da comissão fabriqueira da Freguesia de Canedo, em Boticas,
entraram também valores verdadeiramente milionários. O pároco era o
único que podia movimentar a conta e de 1992 a 2010 fez diversos
depósitos. Há registo da entrada de 600 mil euros e, pouco depois, de
300 mil. A Judiciária detectou 300 mil euros que saíram desta conta para
a do Finibanco e, mais tarde, cerca de um milhão de euros que foram
transferidos para uma terceira conta. Nesta última, entraram mais
valores. Pelo menos entre 2000 e 2010 foram lá depositados um total de
quase dois milhões de euros, que depois foram retirados.
"NÃO SABEMOS QUANTO HÁ"
Após
ter sido condenado em Outubro do ano passado, o padre Fernando Guerra
abandonou as paróquias de Boticas. As comissões fabriqueiras, que até
então eram geridas unicamente por si, ficaram em má situação financeira.
Há casos, como em Canedo, onde ninguém sabe ao certo quanto está na
conta e para onde foi grande parte do dinheiro.
"Há
muitas contas e é difícil saber ao certo quanto dinheiro há. Pensamos
para já que há cerca de 60 mil euros, mas também temos uma dívida de 30
mil euros que foi reclamada por um construtor", contou ao CM um membro
da comissão fabriqueira de Canedo.
Em situação
idêntica, está a comissão fabriqueira de Covas do Barroso, onde o padre
residia, e que tem na sua conta um saldo de apenas 15 mil euros.
"Devíamos ter muito mais dinheiro. Fazíamos festas anuais, e cada uma
rendia pelo menos 20 mil euros. Estamos muito revoltados, só descobrimos
isto depois de ele ir embora", contou um morador.
PROCESSO SEGUE EM BREVE PARA O PROCURADOR
O
processo no qual o padre Fernando Guerra está a ser investigado pela
Polícia Judiciária, por suspeitas de branqueamento de capitais, deverá
seguir muito em breve para o procurador do Ministério Público de Chaves.
O magistrado deverá, depois, decidir se acusa o padre, ou se ordena o
arquivamento.
O padre Fernando Guerra já foi
entretanto ouvido na Judiciária, mas desconhece-se as explicações que
terá dado para as elevadas quantias descobertas em diversas contas.
Nota de bloguista: Em Portugal, até os padres não têm vergonha! Onde estão os bispos, patriarcas...? Será que também não têm vergonha de manter alguém com forte suspeita de ilícito e permitem que estes tristes exemplos sejam dados?