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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

 Pelo menos até ao ano de 2010, o padre Fernando Guerra, condenado no ano passado a três anos de pena suspensa por posse de armas proibidas, movimentou nas suas contas bancárias mais de cinco milhões de euros. A Polícia Judiciária de Vila Real não encontrou explicação para a fortuna do padre, de 77 anos, e abriu um inquérito por suspeitas de branqueamento de capitais.
Fernando Guerra, que actualmente é pároco em Montalegre, já foi ouvido no inquérito que deverá ser enviado em breve para o Tribunal de Chaves.
A investigação da PJ permitiu concluir, para já, que o padre Fernando Guerra possuía várias contas bancárias e que as comissões fabriqueiras das paróquias serviam para esconder o rasto dos milhões. Exemplo disso é uma conta do Finibanco: no início do Julho de 2005, o sacerdote tinha um saldo nulo, dois anos depois, em Julho de 2007, tinha três mil euros. Durante esse período de tempo, nessa mesma conta, circularam mais de três milhões, que foram transferidos após Fernando Guerra ter vencido os depósitos a prazo e as aplicações que tinha noutro banco.
Na conta da comissão fabriqueira da Freguesia de Canedo, em Boticas, entraram também valores verdadeiramente milionários. O pároco era o único que podia movimentar a conta e de 1992 a 2010 fez diversos depósitos. Há registo da entrada de 600 mil euros e, pouco depois, de 300 mil. A Judiciária detectou 300 mil euros que saíram desta conta para a do Finibanco e, mais tarde, cerca de um milhão de euros que foram transferidos para uma terceira conta. Nesta última, entraram mais valores. Pelo menos entre 2000 e 2010 foram lá depositados um total de quase dois milhões de euros, que depois foram retirados.
"NÃO SABEMOS QUANTO HÁ"
Após ter sido condenado em Outubro do ano passado, o padre Fernando Guerra abandonou as paróquias de Boticas. As comissões fabriqueiras, que até então eram geridas unicamente por si, ficaram em má situação financeira. Há casos, como em Canedo, onde ninguém sabe ao certo quanto está na conta e para onde foi grande parte do dinheiro.
"Há muitas contas e é difícil saber ao certo quanto dinheiro há. Pensamos para já que há cerca de 60 mil euros, mas também temos uma dívida de 30 mil euros que foi reclamada por um construtor", contou ao CM um membro da comissão fabriqueira de Canedo.
Em situação idêntica, está a comissão fabriqueira de Covas do Barroso, onde o padre residia, e que tem na sua conta um saldo de apenas 15 mil euros. "Devíamos ter muito mais dinheiro. Fazíamos festas anuais, e cada uma rendia pelo menos 20 mil euros. Estamos muito revoltados, só descobrimos isto depois de ele ir embora", contou um morador.
PROCESSO SEGUE EM BREVE PARA O PROCURADOR
O processo no qual o padre Fernando Guerra está a ser investigado pela Polícia Judiciária, por suspeitas de branqueamento de capitais, deverá seguir muito em breve para o procurador do Ministério Público de Chaves. O magistrado deverá, depois, decidir se acusa o padre, ou se ordena o arquivamento.
O padre Fernando Guerra já foi entretanto ouvido na Judiciária, mas desconhece-se as explicações que terá dado para as elevadas quantias descobertas em diversas contas.


Nota de bloguista: Em Portugal, até os padres não têm vergonha! Onde estão os bispos, patriarcas...? Será que também não têm vergonha de manter alguém com forte suspeita de ilícito e permitem que estes tristes exemplos sejam dados?