Duas escutas telefónicas, uma delas entre Armando Vara e o empresário Manuel José Godinho, sustentam a convicção do Ministério Público (MP).
Na primeira chamada captada a 28 de Maio, Godinho pergunta em linguagem cifrada ao vice-presidente do BCP se quer para agora «os 25 quilómetros».
Segundo o Ministério Público estes quilómetros referem-se a 25 mil euros, dinheiro que alegadamente serviu para pagar o facto de Armando Vara lhe ter apresentado o administrador da EDP-Imobiliária, Domingos Paiva Nunes.
O jornal Público conta que, confrontado pelo Juiz de Instrução de Aveiro, o vice-presidente do BCP explicou que esta referência aos «25 quilómetros» estaria relacionada com um depósito de Godinho, no valor de 250 mil euros.
Segundo a defesa de Armando Vara, «quilómetro» é um termo de calão utilizado na banca que se refere a dez mil euros, o que daria os 250 mil euros, o suposto valor do depósito que Godinho iria fazer no BCP.
Há também registo de outra conversa entre Manuel José Godinho a pedir à secretária «50 documentos» para dividir por duas pessoas.
Nesse dia, Godinho almoçou com Armando Vara e Lopes Barreira, outro arguido do processo "Face Oculta". Conta o jornal Público que o Juiz de Instrução de Aveiro considerou credível que Vara e Lopes Barreira tenham recebido 25 mil euros cada um.